sábado, 10 de agosto de 2013

Estar Presente

Educar e criar um filho requer esforço e dedicação. Educar um filho sozinha, requer ainda mais esforço e dedicação, mas quando o Um torna-se Dois, é preciso ter grande presença de espírito e paciência. E Ajuda.
Desde que o Guilherme nasceu, uma onda de pânico varreu os meus dias. Durante os dois primeiros meses andei um pouco às aranhas, ainda a recuperar do parto e sem saber bem como me ajustar a duas realidades e ritmos tão diferentes, uma criança a caminho dos 3 anos e da afirmação do 'Eu', e um recém-nascido, um ser ainda tão adormecido e celestial.

As vezes que tentei estar com os dois sozinha, correu tão mal que precisei de pedir ajuda! O Gabriel parecia precisar ainda mais de atenção, fazia grandes birras, gritava e fazia muitos muitos disparates. Duas semanas antes de o mano nascer ficou doente e durante o mês seguinte teve várias recaídas. As crianças integram o que vivem emocionalmente, no corpo físico, e ele esteve aquele período a purgar o choque e a mudança.

Quando tive coragem para estar com eles sozinha, surgiu uma necessidade de separar as águas, tentava que um fizesse algo, para que eu conseguisse pôr o outro a fazer outra coisa. Duramente, o Gabriel fez-me ver que esse não era o caminho. Nada de separar. Unir.

Enchi-me de ânimo, pedi muito e vesti a capa da paciência, e a verdade é que a cada dia que passa sinto um prazer crescente em desfrutar da companhia dos meus filhos. Conseguimos estar os três, cada um na sua actividade, todos em sintonia.

Aprendi muitas coisas neste período conturbado de habituação, aqui vão algumas que vale a pena partilhar:

_quando uma criança faz disparates, para chamar a atenção, olhá-la nos olhos ajuda muito. VÊ-LA. Quando o comecei a fazer conscientemente é que me apercebi do quanto nos conseguimos evadir no dia a dia, quando é que realmente VEMOS o outro?

_estar PRESENTE. Estar numa tarefa e não mergulhando totalmente na tarefa, estar presente e consciente do que se está a passar à minha volta, o que se está a desenrolar. Quantas vezes as crianças não nos perguntam coisas e nós respondemos de uma forma ausente "Mamã vou fazer xixi no chão!" "Claro, meu amor!", quantas vezes eles não fazem algo que não gostamos e isso esteve a desenrolar-se justamente à nossa frente. Estar presente e centrado é a chave para que toda a acção se desenrole em harmonia.

_estando presentes, somos capazes de estabelecer LIMITES em sincronia com o momento. Antes que aconteça, podemos direccionar toda a acção e levá-los a praias mais calmas.

_ser capaz de oferecer ALTERNATIVAS com imaginação. Quando algo não se pode fazer, oferecemos outra coisa, sugerimos outro caminho. Muitas birras surgem, porque o momento estancou, e mãe e filho ficam presos na proibição, se surgir rapidamente uma alternativa, outra coisa a fazer, outro brinquedo oferecido, eles esquecem-se. As crianças vivem no presente, o que passou, passou.

Maria

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