sexta-feira, 31 de julho de 2015

Mesa da Estação, Julho


"O jardim selvagem e pujante estava repleto do sussurro e frémito de vidas diminutas. Por entre a vegetação rasteira, uma cobra esfregava-se contra uma pedra cintilante. Rãs amarelas, enormes e esperançadas, navegavam pelo lago escumoso à procura de parceiros. Um mangusto encharcado disparou pela alameda coberta de folhas."
                                                           O Deus das Pequenas Coisas, Arundhati Roy

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Camping

Partida
A nossa casa
Os entretantos. Muitos. Paz.
"Mamã procura-nos!"
À noite
Paisagem à Beira de água
Exploradores
Quando o sono chega
Nós

sábado, 25 de julho de 2015

Golden


"Viçoso e alto, batendo nos joelhos das pessoas, o capim fulvo secou de tal maneira sob o sol implacável que o âmago de cada haste de relva ficou tostado. Para olhar por cima das pastagens era preciso semicerrar os olhos e manter o chapéu bem puxado sobre a testa; a relva assemelhava-se a um espelho de prata, e pequenos remoinhos de vento espiralados passavam  por entre miragens azuis tremeluzentes, transferindo folhas mortas e hastes partidas de um monte inquieto para outro."
Pássaros Feridos, Colleen McCullough

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Bricolagem


Em volta de pregos, serras, tintas e madeiras, as nossas mãos têm andado muuuuito ocupadas. Eu tenho um forte fascínio pelo velho, pelo imenso poder criativo de transformar algo velho, em novo. Falta-me a mestria, o toque de experiência rumo à perfeição, mas sobra-me a vontade.
Nestes últimos dias, conseguimos a proeza de bricolar em grande harmonia. Sem pressas, com muitas paragens, muitos entretantos. Uma demão de verniz e amassar a pizza, manhã a bricolar, tarde a nadar. Os miúdos gravitam à minha volta enquanto trabalho e os mimos são alternados com hard work.

Desfiz a casa deles de madeira, que já não era usada para brincar, e planeio reutilizar cada pedaço de madeira. Para já, comecei com um canteiro de aromáticas. Fiquei tão, tão contente com ele. Temos mirtilos, oregãos, lúcia-lima, beldroegas, salsa, tomilho-limão, lavanda, morangueiros, e três catos diferentes!! Estou a torcer para que resistam ao Inverno..! Entretanto, finalmente revitalizei o triciclo vintage que me custou 7,5 € em segunda-mão. Um triciclo de ferro, resistente, como os de antes. Ah, ficou cor-de-rosa porque era o único spray colorido que havia em casa. A cadeira de bebé também foi outra compra em segunda-mão, mas estava com uma cores demasiado playground para o meu gosto pessoal. E a mesa desdobrável foi a primeira mesa de cozinha que os meus pais compraram ainda recém-casados (ninguém sabe como é que durou este tempo todo..), e eu resolvi limpar-lhe a ferrugem, e dar-lhe um ar mais orgânico com um tampo de madeira de verdade.

Trabalhar com crianças em redor, implica alguma paciência. Aquilo que levaria uma manhã de trabalho, converte-se em 5 dias. As tarefas fundem-se umas com as outras, e em vez de começar um projeto e levá-lo até ao fim, a ordem de trabalhos é estabelecida de acordo com as rotinas diárias de refeições-sono. Assim, é preciso estar muito presente no que está a acontecer, e saber reconhecer quando é hora de deixar algo inacabado, porque o almoço se aproxima. É engraçada a quantidade de vezes que as mãos passam por água, para limpar tinta, cheiro a refogado, poeira, molho de tomate, farinha, terra, decapante, etc, etc, etc.
Depois, há que ter em conta, que certas tarefas dificilmente darão resultado quando feitas com eles (como pintar a cadeira de branco), pelo que só podemos fazê-las quando estão a dormir. E outras, não podem ser feitas durante as horas de sono (como usar a serra elétrica).
No final, vale a pena.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Quando eu cheguei era assim



Esta oscilante sensação de partida, levou-me a olhar para atrás em retrospetiva. Lembro-me de como foi quando aqui cheguei, vêem-me à cabeça imagens dos momentos, da intensidade marcante do primeiro ano, e consigo ver, de uma perspetiva mais segura, a solidez emocional que viver aqui me assegurou.
Foi num dia de Inverno, que passei pela porta da frente, senti o frio dentro de casa, olhei para as teias de aranha que decoravam as esquinas das paredes, e a minha vontade encolheu-se ante os meus olhos, e fingiu que não estava. Felizmente, o pai dos meus filhos, que veio para me ajudar, conseguiu ajuda-la a sair cá para fora, num rasgo de optimismo e força de trabalho.
A primeira noite que passei aqui sozinha com o Gabriel, corri à casa da minha vizinha, "Como é que faço um fogo?". Aprendi. Durante as primeiras duas semanas que vivi aqui, num mês de Fevereiro, o Vento Norte deu as mãos ao Rei do Inverno e desceram à terra. Uma manhã acordámos e o tal manto branco tinha coberto toda a terra. Os flocos caíam e durante 3 dias não saímos de casa.
Após estas duas semanas — e como elas permanecem longas na minha memória! — decidi que não conseguia. Longe da família, amigos e qualquer apetecível contato social, tendo por vizinha uma velhota de 70 e poucos anos, não muito dada a sorrisos, achei que não era capaz de criar raízes. Aliás, raízes, são mesmo algo que eu nunca havia conseguido criar de qualquer maneira. Que flor é que nasce no meio do gelo, no meio das rochas? E a verdade, é que tenho encontrado brilhantes flores selvagens a crescer no meio dos castanheiros (que têm picos e gostam do frio), e são fortes e resistentes.
As duas semanas converteram-se em "até Setembro", e de 8 meses passaram a 3 Invernos, e agora, irão se alongar por mais um ano.
Tenho saudades de casa, muitas saudades de tantas pessoas que passaram pela minha vida e que moram nos atalhos da memória. Tenho saudades do acaso das ruas da cidade, da surpresa de encontrar alguém, da vitalidade de conhecer alguém. Mas ganhei alguma maturidade emocional para ser capaz de reconhecer que sentiria mais saudades dos meus filhos, se estivesse aí. E assim, por enquanto, aqui sou feliz.

sábado, 18 de julho de 2015

Até ao pôr do sol


Agora que as férias chegaram e o Verão se instalou, temos aproveitado em pleno cada raio de luz, cada pôr do sol, cada ponto de água e todos os momentos de exterior. Verão é isso mesmo, não é? A oportunidade de expansão, de exteriorização e expressão de êxtase pela vida.
Acordamos a umas gloriosas 8 da manhã, fruta e mais fruta ao pequeno-almoço, e durante o período da manhã temos-nos dedicado ao bricolage. É curioso como nesta estação apetece trabalhar em coisas grandes e pesadas, nada de costuras e agulhas. Cortamos madeira, lixamos, pintamos, martelamos, coisas de homens.. Na casa de ferragens cá da vila, os homens riem-se quando eu entro assolapada a pedir instruções, dizem que eu tenho uma serra elétrica para cortar o pão e o queijo. Eu rio-me com eles. Entretanto, estamos a restaurar um triciclo vintage de ferro, a fazer uns canteiros kingsize para as aromáticas, a restaurar uma mesa desdobrável e uma cadeira de bebé. Que tal? Os meus rapazes fogem quando eu pego na serra e aproximam-se para brincarem com as ferramentas e segurarem no pincel de verniz.
Temos dormido grandes sestas, eu incluidíssima, caio redonda e quadrada na cama com eles. Sim, constato, mais uma vez, que quando estamos com os pequenos a tempo inteiro sem time-out, é imperativo o descanso. Rest or die.
Depois da sesta, do lanche e dos gelados caseiros de melancia e mel, vamos para as piscinas municipais. Eles adoram. Adoram adoram adoram e eu lembro-me da alegria que sentia também, quando era pequena. O Gabriel fica tão entretido a brincar com a água que até se esquece de falar. Saltam, mergulham, riem-se e correm até eu dizer que são horas de voltar. E depois, depois um jantar fresco, colorido e diverso, como só o Verão sabe fazer, e sim, horas de ir para a cama. Para mim também.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Sem eles


Os miúdos foram de férias com o pai e eu estive de volta dos exames. E da casa, claro! Estes dias sozinha levaram-me a constatar que eu sou mãe, mesmo quando não o estou a ser. Surpreendi-me a desejar o rebuliço, a sentir de menos o ininterrupto rol de questões do Gabriel (sobre praticamente tudo, e a toda a hora..), a querer a presença deles aqui, comigo. Há mães que assim que se tornam mães não sabem ou não conseguem estar sem os filhos. Nunca me aconteceu. Também não sei o que é aborrecer-me sozinha. Estando sozinha vale tudo, e nesse mesmo instante a minha mente projeta um arranha-céus de possibilidades.
Por isso talvez, surpreendi-me ao sentir o vazio por eles não estarem. Suponho que deve ser qualquer coisa parecida com o que as velhotas sentem quando os filhos seguem as suas vidas..

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Celebrações de Julho

Elsa Beskow
 
19 - Anos do Papá
26 - Dia dos Avó

Here comes the Summer Sun..!
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