sábado, 3 de agosto de 2013

A Lua à volta da Terra: para os pequeninos dos 3 anos

Fim de semana.
Chuva de Verão.
Como é que se leva o dia com crianças em casa, quando se escolhe não ter televisão e quando as idades de ambos ainda não são suficientes para que se entretenham a si mesmos? Esta foi a minha questão e uma busca que faço desde que sou mãe.

Por volta dos 3 anos surge uma grande crise na vida destes pequeninos, é a afirmação do EU, a idade das birras e da negação para se afirmarem. Até esta descoberta, de que "eu sou Eu" e "esta é a mamã". a criança vive na órbita da mãe, como a Lua à volta da Terra. Nunca se afastam muito, e quando há algo que lhes capta a atenção durante um momento, essa atenção nunca se transforma em concentração e raramente perdura para além de breves instantes.

Então, como levar o dia? Como fazer tudo o que há para fazer, e ainda entretê-los? Entretê-los. Trap. Durante muito tempo esforcei-me por entreter o meu filho mais velho, inventei brincadeiras, mudei cenários, ambientes, fui para a rua e voltei para dentro, para perceber que não era mesmo esse o caminho.

Eles não precisam de ser entretidos, precisam de ser INCLUÍDOS. Alguém com quem aprendi muito, uma vez falou-me da cultura de entretenimento que vivemos todos os dias, como tudo é feito para entreter, para passar o tempo, como desde o jardim de infância, as educadoras trabalham para entreter os meninos, e depois um dia.. oop! Temos um adulto que pouco ou nada sabe fazer, mas mais do que isso, um adulto que só sabe e quer passar o tempo.

Enquanto andam "debaixo das saias das mães", as crianças observam o mundo, observam-nos a nós e imitam tudo o que fazemos. É através da Imitação que aprendem a SER e ESTAR no mundo. Se nós vemos televisão o dia todo, é esse o adulto que a criança vai ser, se passamos o dia ao telefone, é isso que a criança vai imitar. Não digo que deixemos de fazer o que gostamos e queremos enquanto adultos que somos, mas agora temos alguém por quem somos responsáveis, alguém que vive num pequeno mundo espelhando o nosso. Alguém que vai crescer, e viver com os hábitos que lhe incutimos. E por tudo isso, podemos seleccionar. Seleccionar aquilo que fazemos ou não, diante dos seus pequenos olhos.

Se a criança vê no adulto alguém que é real, alguém que vive e age no mundo (o mundo informático não conta), alguém que tem Amor pelo que está a fazer, que cozinha com vontade, que limpa por gostar de ver limpo, a criança vai aprender a reconhecer o trabalho, ou a acção de nós mesmos no mundo como algo bom e com valor.

"Hapiness will never be achieved by actively seeking it, for it is not a thing itself. It cannot be 'found'. it is a by-product, and its 'producer' is PURPOSE. The purposeful live can give rise to hapiness; but, having recognised and undertaken a puposeful task, the soul can rest content in itself. Then it becomes irrelevant whether one is happy or not. To be engaged in purposeful work is, itself, enough."

                                                              Joan Salter, Mothering with Soul

Assim, INCLUIR é a palavra. Fazer o que temos que fazer em casa e incluí-los naquilo que fazemos. Deixá-los partir os ovos enquanto fazemos um bolo, deixá-los dar-nos as molas enquanto estendemos a roupa. As crianças nem sempre o fazem pela sua iniciativa, por vezes podemos criar uma história, algo que lhes desperte o interesse. É esse o desafio, até onde a imaginação nos leva, a beleza que conseguimos criar a partir daquilo que fazemos todos os dias, e que nem sempre é assim tão interessante.

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