quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Natal na casa do Papá













Este foi o primeiro Natal depois de a minha mãe ter falecido. Também foi o primeiro Natal que passei sem ela. Por questões emocionais e de natureza prática, este Natal foi uma celebração mais descomprometida do que o usual. Passámos os quatro, mamã, papá, mano e mano. Sim, os papás não são um casal, mas continuam a ser amigos (com algumas turbulências pelo caminho, hehe). Em vez do tradicional pinheiro de Natal, o papá presenteou-nos com uma bela e jovem acácia colhida nos bosques locais. Assim, evitámos o plástico, o furo na carteira, e o impacto ambiental. Em vez do tradicional bacalhau, tivemos um festim de legumes cozinhados no forno. Hmmm!
Ataquei a cozinha logo de manhã e conseguimos ter a ceia prontíssima às 6 da tarde. Os miúdos pareciam super felizes por ter ambos os papis em casa. Sei o quanto eles se sentem plenos de amor quando têm ambos os papás à sua volta. Quando podem alternar entre papás se precisam de ajuda ou querem brincar. Na maioria das vezes, ter mãe e pai presentes parece significar uma segurança emocional tal, que nem recorrem a nenhum dos dois e contentam-se em brincar sozinhos. Engraçado como 1+1 é tão mais do que 2..

Por outro lado, não é preciso falar da ligeireza com que o dia a dia corre, quando TUDO não depende só de um adulto. Quando as tarefas se partilham, as responsabilidades, os colos, as dores, etc. 
Natal é para mim, e para a maioria dos cristãos, sinónimo de Família. E hoje reconheço que uma família completa é uma das maiores bênçãos da vida. Inestimável. Preciosa. E acima de tudo, um bem a proteger, a estimar.

Obrigada,
Maria

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Histórias de Natal

Durante o Advento tenho contado ao Gabriel as maravilhosas histórias de Karin Stasch, da coleção de Contos para o Advento e Natal e Noite de Luz. São histórias muito simples, que transmitem um genuíno espírito de Natal.

Entretanto, estive a pesquisar na internet, e fiz uma seleção de histórias de Natal, algumas tradicionais, outras de autores portugueses, para contar ao Gabriel durante a noite de Natal. É tão bom que as crianças, e nós adultos, sintamos este espírito de Natal através de valores eternos, através de mensagens, que transmitam um verdadeiro espírito de amor e de partilha. Entre as histórias que escolhi, procurei que este espírito de Natal estivesse presente.

Uma estrela na noite escura

Esta bonita história de Natal existe na sua versão completa no Preparando o Natal, um excelente blog que oferece inúmeras histórias de autores portugueses e estrangeiros sobre o Natal e Advento. Tem histórias para os mais pequeninos, e meditações sobre a época natalícia.
Fiz uma adaptação desta história para poder contá-la ao Gabriel. Como ele ainda tem quatro anos,  não lhe consigo contar histórias demasiado longas ou com muito detalhes, pois a atenção dele não se mantém ativa durante muito tempo. Aqui vai a história, com umas pequenas alterações:

Matias sentou-se, muito encolhido. Todos os pastores tinham partido e ele ficara sozinho.

— Ficas a tomar conta das ovelhas — dissera o velho Simão antes de se fazerem ao caminho. 
— Já és suficientemente crescido.

O seu colega Tobias ainda lhe metera medo, sussurrando:

— E quando os lobos vierem, não fujas.

O facto é que Matias tinha medo. Há já alguns dias que o uivar do lobo ecoava até ao vale e aquela noite parecia-lhe agora mais escura do que as outras…

Mas talvez fosse por causa da luz estranha que brilhara há pouco, por volta da meia-noite.

De um momento para o outro, o céu ficou muito claro e brilhante. As estrelas começaram a dançar e a lua deu uma cambalhota. Os pastores ficaram cheios de medo e até o velho Simão começou a tremer.
Só que, depois, aparecera no céu uma figura de luz que lhes disse:

— Não tenham medo. Trago-vos uma boa notícia. Alegrem-se, pois hoje nasceu Jesus Cristo, o Salvador. Que a paz esteja na terra!

Matias ouvira muito bem: a voz falara de um menino envolto em panos que estava deitado numa manjedoira e dissera que tudo tinha acontecido em Belém.

De repente, o céu inteiro tinha brilhado qual manto de ouro. Ouviram-se sons maravilhosos, uma música ímpar soara. E os pastores partiram: queriam ver o menino no presépio e levar-lhe prendas.

Só Matias é que ficou para tomar conta dos rebanhos.

A luz apagara-se há muito tempo, e agora encontrava-se sozinho na escuridão. Matias tinha recebido de Simão uma tarefa importante: devia contar as ovelhas quando passavam para dentro da cerca. Colocava-se de pernas abertas em cima das pedras que estavam à direita e à esquerda da porta e, de cada vez que uma ovelha passava, dava-lhe uma palmada e contava em voz alta. Ia de um a duzentos e trinta e um. Quando estavam todas dentro da cerca, a saída era fechada com silvas.

— Eu conheço-as e elas conhecem-me a mim — dizia ele com orgulho.

Matias subiu para o muro. As ovelhas tinham-se deitado. De repente, soou bem perto um longo uivo. Matias agarrou no seu cajado e disse para si mesmo “Se aparecer um lobo, varro-os a todos com o meu cajado!” Mas as ovelhas não ergueram as cabeças. Matias agarrou com mais força no cajado. Olhou fixamente para a escuridão. O olhar não via muito longe, mas não avistou sombra alguma de lobo. Admirou-se que as ovelhas não se tivessem erguido de um salto nem balissem de medo e se juntassem, como faziam sempre que os lobos se aproximavam.

Ter-se-ia enganado? Não haveria lobo nenhum?

Mas as dúvidas dissiparam-se e então pode ver com nitidez: perto dele, seis, sete sombras escuras deslizaram furtivamente e entraram, saltando o muro. Os lobos! Matias foi então tomado pelo medo.

Fugir, foi a primeira coisa que pensou, mas ficou como que paralisado em cima do muro. Reinava um silêncio invulgar. As ovelhas tinham-se levantado mas estavam calmas, e os seus balidos baixos não soavam a gritos de medo. Caminhou com passos pequeninos por cima do muro de pedra e aproximou-se do local por onde os lobos tinham saltado. Tinha o cajado levantado, pronto para bater. Depois, olhou melhor. Seria verdade, ou estava a ter um sonho bonito?

O rapazinho bateu com o cajado na própria cabeça. Não, não estava a dormir. Fascinado, olhava para uma cena tão bela quanto pacífica: os lobos tinham-se colocado em círculo, com as caudas juntas, e os focinhos virados para as ovelhas. Estas farejavam os lobos e não mostravam o menor sinal de medo. Em seguida, uma após outra, voltaram a deitar-se. Os lobos também se deitaram e ali estavam, lobo ao lado de ovelha, ovelha ao lado de lobo….

De repente, os lobos levantaram-se e espetaram os narizes no ar.

— Estamos muito inquietos… — rosnou um.

Galgaram o muro e desapareceram na escuridão. Logo de seguida, Matias ouviu Simão e os outros pastores que regressavam.

Matias contou-lhes o que vira e ouvira. Tobias riu-se dele e disse:

— Preguiçoso, de certeza que adormeceste e sonhaste.

— Cala-te! — disse Simão a Tobias. 
— Já te esqueceste que os anjos anunciaram a paz? Já te esqueceste de tudo? Matias viu um lampejo dessa luz da paz com os próprios olhos.

— Mas não vi o menino na manjedoura — disse Matias.

— Consegues ver aquela estrela clara, ali, no céu? — perguntou-lhe Simão.

— Claro, Simão, tem um brilho muito mais claro do que nas outras noites.

— Se quiseres, Matias, corre na direção que a estrela te indica. Vais encontrar o estábulo e a manjedoira, o menino, Maria e José.

— Assim sozinho, pela noite escura?

— Só se tu quiseres — respondeu-lhe Simão.
Matias ainda hesitou, mas depois ergueu-se, segurou no cajado com força e partiu.

Depois de muito andar, Matias estava cheio de medo e começou a tremer…

— Se tivesse ficado ao pé das ovelhas… — lamentava-se.

Estava para dar meia volta quando viu, desviado do caminho e não muito longe dele, o estábulo.

E nele entrou.

Maria embalava o menino. José sentara-se a um canto e dormia. O boi e o burro, que também estavam no estábulo, fungavam e tinham os olhos semicerrados. Maria reparou no jovem pastor e acenou-lhe com a mão para que se aproximasse. Matias chegou muito perto do menino. Maria pegou-lhe na mão e disse:

— Se quiseres, podes-lhe fazer uma festa.

Matias poisou o dente no cobertor e tocou cautelosamente com um dedo na cabeça do menino. Foi percorrido por uma enorme alegria e sentiu o seu medo a desaparecer…
 E ficou a contemplar o menino.

— Tenho de voltar para junto do rebanho — sussurrou por fim a Maria.

— Não te esqueças do teu cajado — lembrou-lhe ela.

Matias hesitou um instante. Depois disse, baixinho:

— É a minha prenda para o menino.

Abandonou o estábulo e saiu para a noite.

No céu, a este, a luz do novo dia mostrava-se timidamente. Matias desatou a correr. Todo ele rejubilava. O medo tinha desaparecido por completo. 
Os pastores dormiam e só Tobias estava sentado perto do fogo.

— Então? — perguntou. 
— Tiveste medo? O que aconteceu ao teu cajado?

— Já não preciso dele. Deixei-o ao menino. Já não tenho medo.

O Nascimento de Jesus

Adaptei esta história a partir do Evangelho segundo Lucas sobre o nascimento de Jesus na Noite Santa:

Durante aqueles dias, ordenou o imperador que todos se recenseassem, cada pessoa na terra onde havia nascido.

Um homem já de idade avançada, chamado José, partiu de Nazaré com a sua mulher Maria, até à longínqua cidade de Belém, onde havia nascido. Maria estava grávida e muito lhe custou a viagem, que durou muitos dias. Lentamente percorreram montes, vales e rios, em cima de um burrito, que às vezes teimava em parar de andar para comer um pouco de erva fresca, ou porque, ou porque, pressentia o movimento dos vultos dos lobos por entre os ramos das árvores. Mas Maria e José eram abençoados, e não havia entrave que a divina sorte não resolvesse. Assim, pacientemente prosseguiam viagem.  

Ora, quando chegaram a Belém, não havia lugar algum nas hospedarias da cidade. Quando por fim encontraram uma humilde manjedoura, ficaram muito satisfeitos por poderem descansar. A cada dia que passava, Maria sentia a sua barriga pesar, e as forças da terra chamavam a criança.

Um dia, o Menino nasceu. Maria envolveu-o em panos quentes, embrulhou-o para que nem a brisa do luar despertasse o Menino do seu abençoado sono. José afofou as palhinhas, e deitaram-no na manjedoura de madeira velha.

Na mesma região, num vale de ervas tenras onde os animais pastavam, pernoitavam pastores que guardavam as suas ovelhas. Um Anjo de Luz apareceu-lhes e disse-lhes:
— Não tenham medo. Venho-vos trazer uma boa nova: nasceu um Menino, aqui em Belém, que será o Salvador de todos os homens, o Mensageiro de Deus.
Os pastores, ainda um pouco assustados perguntaram:
— E como o encontramos?
— Procurai por um menino envolto em pobres panos, deitado numa manjedoura.
Iam os pastores a preparar-se para partir, e viram o Anjo ascender aos céus, para se reunir a outros tantos anjos, e deles, brilhava uma luz tão forte, tão clara, e tão límpida, que perceberam que a mensagem do Anjo era sim verdade.

Depois de muito perguntarem e procurarem, encontraram por fim o Menino Jesus. Saudaram-no com grande alegria, e beijaram e abraçaram Maria e José. Depois foram-se embora, e a todas as pessoas que iam encontrando, contavam a notícia que o Anjo de Luz lhes tinha contado: o Salvador dos homens, filho de Deus, tinha nascido.

A Estrela humilde


Esta história é ótima para contar ao pequeninos. Transmite uma mensagem de humildade de uma forma muito simples e verdadeira. A história é da autoria do Professor Vaz Nunes, da Escola de Ovar, que tem feito um excelente trabalho de compilação de recursos em diversas áreas da educação. O site Escolovar, reúne um extenso compêndio de recursos para professores, educadores e pais. Aqui vai a história:

De todas as estrelas que brilham no céu, houve sempre uma mais brilhante e bela que todas as outras. Todos os astros do céu a contemplavam com admiração e interrogavam-se sobre qual seria a missão importante que lhe estaria destinada. A própria estrela, sem falsa modéstia, estava consciente da sua incomparável beleza e da sua importância no Universo. As dúvidas desfizeram-se num dia de Dezembro, quando um grupo de anjos se aproximou dela e lhe disse:
— Por favor, vem connosco. Deus tem uma missão para ti.

 
Foi assim que ela ficou a saber que deveria indicar e iluminar o lugar onde teria lugar um acontecimento muito importante, o mais importante da História.
 A estrela encheu-se de orgulho, vestiu-se com os melhores brilhos e prontificou-se a seguir os anjos. Brilhava com tanta força e beleza que podia ser vista de todos os lugares da Terra.
 De imediato, um grupo de sábios decidiu segui-la, sabedores de que deveria indicar algo de importante.

 

Durante dias, a estrela seguiu os anjos, indicando o caminho, ansiosa por descobrir como seria o lugar que iria iluminar. Porém, quando os anjos pararam e, com grande alegria, lhe disseram «É aqui», ela não queria acreditar. Não havia templos, palácios, castelos ou mansões nem ouro ou jóias. Só um pequeno estábulo meio abandonado, sujo e a cheirar a mofo.
— Oh! Isto não. Não posso desperdiçar o meu brilho e a minha beleza,  iluminando um lugar como este. Eu nasci para algo mais grandioso!

 

Por mais que os anjos se esforçassem por acalmá-la, a fúria da estrela cresceu, cresceu, cresceu e chegou a juntar tanta soberba e orgulho no seu interior que começou a arder. E assim se consumiu a si própria, desaparecendo em poucos instantes.

 

Os anjos ficaram em pânico, pois faltavam poucos dias para o grande acontecimento e não tinham estrela. Correram até ao Céu e contaram a Deus o que tinha ocorrido. Depois de meditar um pouco, Deus ordenou:

— Procurai a mais humilde, a mais pequena, a mais alegre das estrelas do Céu. Surpreendidos, os anjos atravessaram o céu escuro, até encontrarem a estrela pedida pelo Senhor. Era pequeníssima, do tamanho de um grão de areia.

— A estrela mais perfeita da criação, a mais brilhante e mais bela, falhou pela sua soberba.  Penso que tu, a mais humilde e alegre de todas as estrelas, serás perfeita para iluminares o acontecimento mais importante da História: o nascimento do Menino Jesus, em Belém.  – disse-lhe Deus.

 

Os anjos levaram-na até ao estábulo, onde ela ficou a brilhar, mas, de imediato, deu conta que o seu brilho não tinha o fulgor das outras estrelas. Era um brilho ténue, insignificante, como o de uma candeia. A estrela bem se esforçava, mas era incapaz de brilhar mais.
 Como era humilde, lembrou-se de convidar todas as estrelas do Céu para se juntarem a ela no dia vinte e cinco de Dezembro, à meia-noite. Em conjunto, iluminariam o nascimento de Jesus.
 Nenhuma estrela recusou o convite. E tantas e tantas estrelas se juntaram que entre todas formaram a estrela de Natal mais bela jamais vista no Céu.

 

Encantado com o seu excelente serviço, e como prémio pela sua humildade e generosidade, Deus converteu a pequena mensageira numa preciosa estrela brilhante deu-lhe o dom de conceder desejos cada vez que alguém a visse  brilhar no céu.
 


Feliz Natal e muito Amor,
Maria


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Mesa da Estação na 4ª semana do Advento: Reino Humano


Bom, o Natal está aí! Feliz Natal a todos, muitas bênçãos e muito Amor!

Maria

domingo, 21 de dezembro de 2014

Adeus Outono












No meio está a virtude, diz o ditado. O Outono e a Primavera estabelecem esse meio, o momento de pausa entre os extremos.
Quando chega o Outono recolhemos para o interior, guardamos-nos cá dentro, partilhamos uma intimidade que se estende durante todo o período frio. Depois chega o Inverno e as formas cristalizam-se, o movimento condensa, e a estagnação torna-se aguda, até ao momento, em que se torna urgente a libertação, a exteriorização, sair de casa, brincar na rua, despir a roupa. E chega a Primavera, o meio. Quando o calor começa a ser demasiado, quando o Sol arde nos olhos, e a intimidade foge, chega o Outono, o meio. E o ciclo recomeça.

Prefiro de longe, o equilíbrio do Outono e da Primavera, aos extremos do Inverno e do Verão. É engraçado como as crianças respondem a estas mudanças cíclicas. No Outono e na Primavera observo que as brincadeiras são mais vivas e vividas, noto que nestas épocas eles mergulham em mais profundidade nas brincadeiras. Como se uma urgência se concretizasse, após o pico da estação. No fim do Inverno, todos os cantos da casa foram explorados, os móveis transformados, os brinquedos usados, ir para a rua é emergente. No fim do Verão, brincam na rua e exploram os elementos naturais, a água do mar, a textura da areia, colecionam pedras, e recolhem todos os tipos de flores das redondezas, até que chega o momento, de voltar para dentro.

Com os meus filhos, tenho observado, que os estados de espírito também se alteram. No início do Outono e da Primavera vejo menos birras, eles estão mais calmos, entregam-se mais ao presente, ao que estão a fazer..

Bom, bom,
um caloroso e acolhedor Inverno para todos,
 Maria

sábado, 20 de dezembro de 2014

Ritmo de Inverno

O Inverno está aí, e tenho que confessar, que para mim, esta época do ano é talvez a mais difícil, a mais esgotante. O Inverno traz com ele a necessidade de reforço, de compensar a falta de calor. Nutrir o calor nas crianças na primeira infância é fundamental para um desenvolvimento sadio. Assim, a mamã tem que se triplicar em cuidados: botijas de água quente, não deixar a lareira apagar (este ano estou a conseguir!), inúmeras camadas de roupa, etc, etc.

Depois também há outra coisa própria do Inverno, assim como nas outras estações: o ritmo. Já alguém se apercebeu que durante o Verão as crianças "aguentam" e resistem ao sono com muito mais facilidade do que no Inverno? No início do Outono mudei a hora de jantar das 7:00h para as 6:30h, e estava a correr muito bem, até sensivelmente umas 3 a 4 semanas.. Eles chegavam da escola (não, aqui não há jardins waldorf, e homeschooling a full-time para nós não é possível, para além de não existirem crianças vizinhas num raio de 2km) possuídos de sono, demasiado excitados, num movimento que atropela. Houve momentos em que me sentia totalmente impotente, por mais calma, mais presente, por mais que tudo estivesse em ordem, preparado, e adiantado, as birras monumentais faziam parte do menu-fim-de-dia. De tal maneira, que a maioria dos dias, o Gui já nem jantava. Por volta das 6:00h, a birra era tão recorrente e impossível de apaziguar, que eu só tinha tempo de trocar de fralda e deitá-lo.

Bom, é oficial agora, hora de jantar às 5:30h, imediatamente após chegarem da escola, e por volta das 3h começo eu a adiantar todas as rotinas em casa, jantar, louça, pijamas, lenha, lareira, Violeta, etc., para que quando eles cheguem, não exista ABSOLUTAMENTE NADA a fazer para além de ESTAR PRESENTE.

Entretanto os nossos ritmos cá em casa têm sido estes:


Paz,
Maria


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Mesa da Estação na 3ª semana do Advento: Reino Animal





Foram chegando os animais à nossa mesa. O tempo determinou que chegassem apenas os essenciais, o boi e o burro, e as ovelhitas que aguardam a vinda dos pastores (talvez no próximo ano..).

Usei apenas lã e feltro e pauzinhos para as pernas, a imaginação deles preencheu o que faltou. À noite, o Gabriel "guardava" os animais dentro da manjedoura, "para não terem frio", e "por causa dos lobos".. E borrifou frequentemente o musgo para os animais terem sempre erva fresca para comerem!

beijo,
Maria

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Audiobooks Pedagogia Waldorf e Antroposofia





Descobri a pólvora! Andava eu a navegar no mundo cibernético e fiz uma descoberta monumental para o meu dia-a-dia: audiobooks. Descobri um site (e depois outro, e depois outro..) com livros e palestras de Rudolf Steiner em audio (em inglês), e gratuitos!
E se, para ler um livro não fosse necessário estar sentada, quietinha, sem ter a noção de que uma montanha de roupa me aguarda, outra montanha de louça na fila de espera, os miúdos à porta e o jantar para preparar, etc, etc. Abençoadas pessoas que se dão a trabalhos para que os restantes mortais beneficiem de algo bom e com sentido!

Então aqui vão os links:
Rudolf Steiner audio - livros e palestras de Steiner (inglês) gratuitos.

Rudolf Steiner Press - esta editora disponibilizou um conjunto de livros de Steiner (inglês), também gratuitos.

Christopherus Homeschool - esta editora/livraria disponibiliza conferências e conversas sobre educação e pedagogia waldorf, inclui temas muito interessantes, como os currículos para quem quer seguir a via do ensino doméstico, mas também foca temas abrangentes como disciplina, temperamentos, etc. (também em inglês).

Waldorf Library - a biblioteca waldorf tem informação extensa sobre a maioria dos livros publicados sobre a pedagogia waldorf, assim como, sobre antroposofia. Fiquei espantada ao encontrar uma secção de livros em modo pdf-free-download! Uau! A sério, obrigada gente!

beijo,
Maria


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Camisola de Inverno, Cozee



Como aprendiza auto-didata de tricot, foi com um enorme prazer que terminei outra camisola para crescidos. Super quente, e foi um tutorial simples de seguir, nada de torcidinhos, nem relevos (para uma próxima vez..). Mesmo assim, como foi a primeira camisola com tronco e membros unidos de forma tradicional, não consegui escapar a uns quantos erros.. Não se nota, pois não?
Aqui, o tutorial no ravelry.

Beijo,
Maria

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

domingo, 7 de dezembro de 2014

Quase Inverno..










De manhã, o silêncio..

Pequeno-almoço nutritivo, papa de aveia, bananas e diospiros, e xarope de mirtilo. Hmmm!

Cristais de gelo


Que espécie de cogumelo é esta?

Uma vela por cada dia

Super viatura, um carro segundo ouvi. Ah, impermeável e não deixa entrar o vento, também me disseram.

O fascínio perdura

sábado, 6 de dezembro de 2014

Mesa da Estação na 1ª semana do Advento: Reino Mineral




Lembro-me quando me explicaram pela primeira vez o conceito da mesa da estação representado durante a época do Advento, pensei "Uau! Uma mesa da estação em movimento!". Em cada semana é integrado um novo Reino, começa com o Reino Mineral, depois o Vegetal, o Animal e por fim o Humano. E mesmo, mesmo na noite de 24, "nasce" o Menino Jesus.

Assim, para o Reino Mineral: pedras, conchas, cristais..

Beijo,
Maria

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Celebrar o Natal



Não sei o que acontece nesta altura do ano, começa como um burburinho com tendência a tornar-se cada vez mais ruidoso, até chegar o dia, de Natal. Desde que sou mãe (4 anos..!já?!), que o Natal assumiu outra posição na minha vida. Passou o tempo dos vinte anos em que o Natal era uma data obrigatória, até forçada, a representar ligações familiares que eu, sinceramente, não sentia. Lembro-me de quando trabalhava no call-center, movido à força de trabalho de jovens adultos, e de como esperávamos ansiosamente que o nosso chefe atendesse aos nossos pedidos, e nos desse a noite da passagem de ano, em troca da noite de Natal. Lembro-me de numa noite de véspera de Natal, estar a empurrar o meu fiel carro de 15 anos pela Almirante Reis abaixo, porque a bateria havia decidido descansar, na tentativa de chegar a casa da minha mãe antes do jantar de Natal (ups!). E lembro-me de uma outra noite, em que conduzi um milhão de horas quase seguidas de Barcelona a Lisboa para chegar a tempo do Natal! E consegui! Consegui chegar às 23:45 (tenho de me lembrar de não atirar os meus filhos pela janela, se me fizerem qualquer coisita do género..)!

Num belo dia Novembro fui mãe pela primeira vez, e o Natal seguinte já não foi o mesmo. Assim como em tantas outras coisas, aquela atitude de abandono tão próxima do adolescente face a qualquer coisa que envolva "tradição" e "imposição", teve que ser deixada à porta (eu não queria...hehe). Como mãe de filhos, não só és responsável pela celebração natalícia dos teus filhos, como tens que responder às solicitações familiares e gerir datas e locais (mais ou menos como no jogo das damas, uma vez as pretas outras as brancas). Quando os pais das crianças não são uma família, mas duas, ainda há mais berlindes para jogar, e sim, o Natal pode ser exaustivo.. Felizmente não tem sido o caso.

No livro Adventures in Parenting, a Rachel Ross reforça o poder que as tradições e rituais familiares têm na formação da vontade na criança. A autora refere que as celebrações familiares constituem um momento de excelência, para ensinarmos aos nossos filhos respeito pela natureza, pelos outros e por eles mesmos. "A experiência de reverência constrói um manancial de força e segurança na alma da criança. Será mais tarde na vida, a fonte de um sentido moral saudável. As crianças também desenvolvem um sentido de beleza e verdade através das celebrações e do cuidado que os adultos têm ao criar ambientes belos para eles." 

Após conhecer a pedagogia Waldorf, e o ciclo de celebrações que integram a criança no ritmo anual, proporcionando-lhes a possibilidade gerar um sentimento de devoção interior a algo superior e sagrado, a celebração do Natal começou a mudar em mim. Alguém disse uma vez que nós crescemos mais com eles (os filhos), do que provavelmente eles connosco. Acredito que assim seja.

Assim, passei de uma atitude de negligência para com o Natal, para um momento de aceitação e abertura. Enquanto trabalhei num Jardim Waldorf, tive oportunidade de vivenciar com as crianças a chegada do Natal. Observei como continuamente, algo é adicionado ao dia-a-dia, transformando a contagem dos dias numa imagem interior, presente nas canções, na roda rítmica, na mesa da estação, e nas atividades quotidianas. O Advento, como o nome indica, é o tempo que antecede o Natal. Quatro domingos antes do Natal dá-se início a um período de expetativa e preparação para uma das maiores celebrações (atualmente a maior) do calendário cristão. Assim, no meu ponto de vista, o Natal não existe sem um período de antecipação, de preparação gradual através de rituais e pequenas transformações que conduzem a criança, de forma inconsciente, para a celebração desta festa.

Beijo,
Maria.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Advento

".. up above in the starry world Mother Mary goes from star to star collecting the gold and silver threads for the garment for her child" 
(An Overview of the Waldorf Kindergarten, Joan Almon (Ed.))

Ao longo dos anos há sempre mais qualquer coisa que se junta à nossa celebração do Advento. Existem três palavras que me norteiam durante este período: verdade, simplicidade e continuidade. Ou seja, para que algo seja celebrado tem que significar algo para o adulto que o está a transmitir, para mim, enquanto single-solo-mum (tenho que deixar de usar expressões estrangeiras para dizer mãe-solteira.. alguém conhece um termo em português mais feliz e menos condicionante? não?) tem que ser simples, tem que estar ao meu alcance de realizar, e por fim, as coisas têm que ser apresentadas de forma contínua, ou seja, os miúdos o chegam um dia da escola e vêm a árvore de Natal apinhada de luzes, presépio cheio de malta lá do deserto, montanha de prendas de perder a vista, etc, etc. As coisas surgem, e é isso mesmo, surgem, gentilmente, de forma singela e contínua. Um dia uma coisa, outro dia outra, algo feito em família, e algo para oferecer como surpresa.




Este fim-de-semana enveredámos pelo mato, apanhamos folhagens em conjunto, eu com o meu alicate de poda, o Gabriel com a tesoura-de-papel-redondinha, e o Guilherme afastou com muito cuidado a água das poças para nós passarmos (hehehe).





No primeiro domingo do Advento, sentámo-nos ao lado da fogueira, e fizemos a nossa coroa de Advento, com azevinho, pinheiro, outras folhagens que não conheço, e uma vela por cada domingo.


A cada domingo que passa, acende-se uma vela. Paz, Luz e Amor.

Beijo,
Maria 
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