Não sou, nem nunca fui hiperativa, mas também nunca consegui estar muito tempo quieta. Quieta com as mãos, parada no mesmo lugar, sossegada na cabeça, não não sei o que é isso. Também não tenho televisão, sofá, ou cadeirão, e se por exemplo, me apetece mesmo comer um iogurte, um bolo ou um gelado, eu vou fazê-los. Nunca me importei de andar bastante para poupar o bilhete de autocarro, ou de perder uma hora a remendar qualquer coisa. Tenho uma queda por causas perdidas. Decadentes até, diria.
E para quem tem facilidade em se esquecer de si própria para chegar a um outro algo, a maternidade oferece um desafio interessante: olharmos por nós próprias. Primeiro. Dizem que num acidente de avião, a mãe deve primeiro assegurar a sua vida e colocar-se a si própria a máscara de gás, e só depois garante a sobrevivência dos filhos, colocando-lhes a eles a máscara.
Quantas de nós o fazem? Quantas mães olham primeiro por si? Quantas e quantas vezes eu vou levá-los à carrinha da escola de pijama (requinte máximo, eu sei..)? Durante estes 4 anos e meio de maternidade, tenho sido a última da fila, e na fila não só estão os meus filhos, como também todos os meus filhos-projetos-de-vida.
Às vezes custa muito aceitar que temos que descansar. No outro dia, estava com os miúdos em casa, e disse para mim mesma "Já fizeste quase tudo! Descansa!", a resposta que chegou foi interessante "E faço o quê?".
Descansar é parar não é? Tipo sentar e olhar, e ver o que acontece.
Quando o corpo adoece por alguma razão, a doença é a mensagem do corpo a dizer "Pára!", é isso que eu tenho sentido nestes dias. Uma necessidade de repouso.
Hoje fiquei a fazer tricot ao sol e a vê-los a fazer bolos de lama. Foi bom.
Paz,
Maria
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