quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Solo parenting



Este fim de semana foi um loooongo percurso familiar..
Em primeiro lugar, tenho que dizer que o nosso fim de semana equivale a 4 dias. Sábado, domingo, segunda e terça. Em segundo, que o meu percurso parental é a solo. Desde os 6 meses de idade do Gabriel que a vida me colocou este desafio: solo parenting.
Quando chega a 6a feira faço uma inspiração profunda e mergulho.. O mergulho é longo e dura 4 dias. Com o passar do tempo, o quotidiano vai sendo mais suave, mais presente e a experiência é sem dúvida a minha maior aliada.

Mas este fim de semana foi gradualmente se enchendo de episódios que se acumulavam nas minhas costas. Constatações levam a conclusões e a mais experiência.
Assim, no sábado recebi uma chamada de um familiar, não muito agradável, que de alguma forma me retirou do meu centro de controlo. Deixei de estar presente, e sim, não estar presente é contrário a estar com crianças. O círculo de proteção sobre as crianças desvanece e elas ficam suscetíveis a acidentes, birras, etc.
Lição nº1: atender exclusivamente chamadas de familiares nos quais confio que são emissores de boas intenções, atitudes e palavras.

O outro episódio chama-se Violeta, a cadela da minha mãe que partiu. Então a Violeta comeu uma galinha que encontrou na rua, e quando acordei de manhã tinha o tapete da sala (onde brincam os miúdos) cheio de vísceras, carne, penas, etc. Tirei o tapete de cima. Ela voltou a vomitar no tapete de baixo. Voltei a tirar o tapete.
Eu não sou especialista em cães, muito menos em psicologia canina, mas a Violeta demonstra uma índole demasiado agressiva para os meus padrões. Não comigo, mas para com todas as pessoas que se aproximam de nós, ou da nossa casa. Assim, este fim de semana, tive que a afastar do Sr. da Água, enquanto ela tentava continuamente atacá-lo; salvar uma senhora que já tinha saltado para o muro, enquanto a Violeta se lançava sobre ela furiosamente; e por-lhe a trela e agarrá-la sempre que alguém se aproxima enquanto passeamos. Demasiado para mim..
Sim, este fim de semana, pensei e repensei sobre as responsabilidades que assumimos. Qual o limite do peso que podemos aguentar? Quando é que é altura de aceitar, e de recuar? Talvez a Violeta seja uma responsabilidade a mais, que neste momento, eu não posso aceitar.. Se ela tivesse uma personalidade diferente... Enfim, ainda não cheguei a nenhuma conclusão.

Preparadíssimos para passear, e apercebo-me que perdemos as chaves da arrecadação, onde está o carrinho de passeio. Aparentemente não é assim tão grave, mas é tão mais fácil do que com a manduca.. E o Gui gosta de parar em todo o lado, e adora fugir de mim, e quando finjo que vou seguir caminho, ele simplesmente não liga nenhuma. Ok, mais uma coisa a fazer: ir até casa da sra. que tem as chaves e fazer cópias!
Lição nº2: Não deixar os miúdos brincar com chaves de nenhum tipo!!

Quando o fio da serenidade se escapa lentamente por entre as mãos, o ideal é surgir alguma coisa que apresse a situação o quanto antes, e assim, a torneira da casa de banho começa a verter, a verter, e a água a correr.. Esperei até segunda, lá fui à casa de ferragens da aldeia. Claro que aqui, na aldeia, parece que toda a gente sabe ou tem um vizinho ou familiar que sabe trocar torneiras. Claro! Eu não. E lá o Sr. das Ferragens, muito simpático, me explicou entre risos como é que se troca a torneira. Não vou falar sobre as voltas que dei, com os miúdos às costas, os sítios a que fui para me emprestarem as peças, as vezes que voltei à loja para explicar que não estava a conseguir. Na terça à tarde, mudei a torneira da casa de banho, e ainda consegui detetar um cano que estava a verter água, e arrumar a situação. Senti-me tão orgulhosa! Lá entrei na testero-loja "Consegui!!"
Lição nº3: Agora sei mudar uma torneira! E quando uma situação destas aparece, o melhor é agarrar o problema de frente, com miúdos às costas, ou sem miúdos às costas.

E depois, o clássico. O dia a dia com as crianças, cheio de imprevistos e de pequenas situações, que são facilmente ultrapassáveis quando se está tranquilo e sem o cronometro das coisas a fazer na cabeça; mas quando o cansaço chega e a paciência foge, pequenas coisas como espalhar a água das flores da mesa da estação, ou o rotineiro homicídio de literatura infantil que acontece cá em casa, são coisas que me tiram do sério. E assim, mais uma vez, simplificar. Simplificar é a palavra de ordem, organizar o mundo material de forma a que certas situações não se tornem recorrentes, como por exemplo, acrescentar um andar à prateleira de livros, de forma a que o Gui só chegue a alguns livros (os mais resistentes); flores na mesa da estação, só as resistentes, sem água, e sem bagas vermelhas; sexta-feira fazer comida excedente para sábado e domingo, de forma a conseguir estar mais presente nestes dias..

Beijo,
Maria


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