domingo, 16 de agosto de 2015

No eco-festival, Tribojam


Depois do período de reclusão pós-bebés, sinto que estou a viver um momento de expansão. Os miúdos crescem, e estes tempos de férias têm sido um baú de intimidade expansiva. É como se o tempo dos bebés estivesse a acenar-me a mão e a dizer adeus. A cada dia que passa, o Gabriel afirma uma independência provocadora e o Guilherme distancia-se do bebé que ainda é. Sinto alguma nostalgia, mas sinto uma maior alegria por observar a camaradagem que partilhamos.

Rumámos a uma comunidade de alguns amigos, em Nisa, a Tribodar, que celebrou este ano, mais um Tribojam, um eco-festival onde se pretende a partilha de saberes, vivências. Toca-se muita música e vive-se um ambiente comunitário.

Foram dez dias, e confesso que nos dois-três primeiros, ainda estive a habituar-me à rotina da vida no festival, com crianças. Pseudo-sestas, calor na tenda, e fuga às refeições, foram os meus únicos dramas. Após o reconhecimento inicial, tudo assentou e posso dizer que a cada dia que passava, mais eu gostava. No final, fiquei com saudades. Todos os dias chegavam pessoas novas, algumas delas, amigos de outros tempos, tempos-de-maria-sem-filhos. Descobri que sou mulher, que não tenho medo de pessoas, nem de multidões. Amparei birras espetaculares em público, e elas não me assustaram. Conheci pessoas novas, bonitas, like-minded. Vivi 95% no presente, e quando cheguei a casa tinha menos olheiras. Não alimentei esperanças de participar nos workshops que queria, ou de alimentar conversas em profundidade, mas participei nos workshops que o presente me ofereceu, e conversei muito, sem complexos e sem travões. Conheci mães e recebi elogios inspiradores. Observei o movimento livre, tão livre, de crianças em liberdade. "Parecem bandos de pardais à solta, os putos". Voluntariei-me para ajudar ao pequeno almoço, e a cada manhã o meu coração enchia-se de alegria, quando avistava dois meninos, bem pequeninos, a competirem com a luz do sol, a subirem a quinta, lá ao longe, descalços, atentos ao caminho, em direção à cozinha comunitária, em direção à mamã.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...