quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Intensidade



Há dias em que estamos prestes a ferver. Fomos acordadas 3 vezes durante a noite, numa delas estávamos a ter um sonho maravilhoso, noutra, fomos acordadas porque "não encontro o Romeu" (o boneco), e na outra, para endireitar os lençóis..
Depois chega o dia e parece que há um cansaço que não se apaga, uma pausa que não chega. Estamos menos pacientes, mais relutantes em ceder, e menos criativas em encontrar soluções positivas.
Em consequência, é provável que nestes dias eles estejam prestes a detonar limites. Começo por controlar a voz, por tentar ser assertiva e agir no momento certo, mas a provocação persiste.

Nestes últimos dias, ao estar com eles full-on-all-day-non-stop, tenho a oportunidade de reconhecer, o valor das mulheres de antigamente, que criavam filhos enquanto trabalhavam, que eram mães, mulheres e tias, tudo em simultâneo. E também me leva a constatar, mais uma vez, a bênção que é poder te-los por perto. Porque durante os momentos de desafio, provocações e confronto, cai o véu da perfeição, e expõe os comportamentos e facetas que não se revelam à distância.

Vejo a imensidão dos desafios que tenho como pessoa e como mãe, tenho a oportunidade de observar a minha reação às situações de stress (não, não tenho levado muitas taças ultimamente..), que por vezes é tão diferente do que acreditamos estar certo quando temos a mente limpa. Por outro lado, nestes dias tenho visto de perto atitudes e comportamentos nos meus filhos, que gostaria de poder ajudar a direcionar num outro sentido. Coisas simples. Coisas que ainda existem na raiz ao ser criança. Mas que mais tarde poderão tomar formas, que lhes tornarão mais difícil a tarefa de Ser Homem. É muito mais fácil dar de comer à boca do Guilherme. Porque não suja, porque ele come, porque não se distrai. Mas ele já sabe comer com a sua mão, então porque estou a continuar a alimentar uma incapacidade motora que já foi conquistada? Porque é mais fácil. Porque não suja, porque ele come, porque não se distrai. E ele encosta-se e brinca e não mexe na colher. Num bebé, não quer dizer nada. Num adulto, quer dizer preguiça. São nas pequenas coisas que podemos atuar. Às vezes, muitas vezes, atuar quer dizer não fazer nada. Observar, aguardar, querer.

Por isso agradeço o confronto, agradeço as revelações. Amanhã vai ser melhor.

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